segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Uma dor só nossa

- Esta história magoou-te muito, não foi? - Muito mesmo! A dor que eu senti e ainda sinto, é muito pior que uma dor de dentes. Que uma dor de barriga. Que uma otite. Porque é uma dor que nenhum medicamento pode acalmar. É uma dor que se instala dentro de ti, e não há maneira de a retirar de lá de dentro. Mesmo que queiras. É uma dor que permanece, que dói todos os dias. É uma dor com que tenho que lidar dia a dia, e tentar transformar essa dor, num fardo menos pesado. Há uns dias que essa dor quase me mata. Como há outros em que quase que nem a sinto. Mas sei que ela continua cá dentro. É como se ela só doesse e se fizesse sentir em alguns dias, mas está sempre viva dentro de mim. É horrível a sensação de teres um bicho deste dentro de ti, sem teres como mudar a situação. Não basta atirares a toalha ao chão. É preciso aprender a lidar com o que o destino e a vida reservaram para ti. Sabes, eu cheguei a um ponto de total descontrolo que já nem sei para onde caminha a minha vida. E na verdade, nem faço força para que ela caminhe seja para onde for. Aprendi a aceitar o meu destino e a não lutar contra ele. - Posso imaginar. - Não. Acredita que não podes imaginar. Esta é uma daquelas dores que só quem a sente e convive com ela diariamente sabe o que realmente é. Os outros podem imaginar, tentar perceber o que é, mas nunca ninguém a conhece de forma real. Até porque lá está, é uma dor só nossa. É como se fizesse parte da nossa alma e do nosso coração. É uma dor que só nós sabemos sentir. É uma coisa nossa.

Amizade

AMIZADES são feitas de pedacinhos. Pedacinhos de tempo que vivemos com cada pessoa. Não importa a quantidade de tempo que passamos, mas a qualidade do tempo que vivemos com cada uma. Cinco minutos podem ter uma importância muito maior do que um dia inteiro. Assim, há amizades que são feitas de risos e dores compartilhados; outras de escola; outras de saídas, cinemas, conversas, diversões; há ainda aquelas que nascem e nós nem sabemos de quê, mas que estão presentes. Talvez essas sejam feitas de silêncios compreendidos, ou de simpatia mútua sem explicação. Aprendemos a amar as pessoas sem julgá-las pela sua aparência ou modo de ser, sem que possamos (e fazemos isso inconscientemente, às vezes) etiquetá-las. Há amizades profundas criadas assim. Saint-Exupéry disse: Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante. E eu digo que é o tempo que ganhamos com cada amigo que faz cada pessoa tão importante. Porque tempo gasto com amigos é tempo ganho, aproveitado, vivido. São lembranças para cinco minutos depois ou anos até. Uma pessoa torna-se importante pra nós, e nós para ela, quando somos capazes, mesmo na sua ausência, de rir ou chorar, de sentir saudade e nesse instante trazer o outro bem perto do coração. Dessa forma, podemos ter vários melhores amigos, um diferente do outro. O importante é saber aproveitar ao máximo cada minuto vivido e ter, depois, no baú das lembranças, horas para recordar, mesmo quando estas pessoas estiverem longe dos nossos olhos.